Brasil é o campeão em novos veículos obsoletos - Programa MOVER e LECAR 459
- Thiago Garcia
- 8 de dez. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 15 de dez. de 2024
Gostaria de estrear os textos exclusivos para os assinantes com uma opinião sem muito filtro acerca do promissor LECAR 459

Fala galera, beleza? Esse é o texto de estreia do conteúdo por assinatura e sinto maior liberdade de escrever uma opinião mais explícita pois é para um público que realmente valoriza o conteúdo sobre a mobilidade elétrica.
Preciso dizer que estou muito incomodado desde o anúncio do Programa MOVER do Governo Federal e que traz uma defasagem tecnológica travestida de inovação. Diria que é o atraso que se identifica como inovação, a Trans Inovação.
O Programa MOVER traz alguns pilares para parametrização de subsídios e penalidades: dentre estes está a nacionalização, modernização e eficiência energética.
O problema não está em seus pilares, mas nas ferramentas utilizadas para cumprimento dessas metas. Por exemplo: a nacionalização considera o quanto do veículo é produzido em território nacional, mesmo os seus componentes. E para isso, foi autorizada importação de plantas obsoletas na Europa vendidas como inovação para a indústria brasileira.
Já disse outras vezes que as marcas que vendem veículos elétricos na Europa querem manter o Brasil pelo maior tempo possível com os motores à combustão para conseguirem manter as vendas dos produtos que não serão mais permitidos nos países desenvolvidos.
Vejam o esforço feito por marcas como Toyota, Stellantis e Volkswagen para o brasileiro acreditar que um combustível produzido há aproximadamente 50 anos seria o combustível do futuro. Não digo que o Etanol é pior que o combustível fóssil, mas algo que está no mercado a tanto tempo sem quase nenhuma mudança desde seu início, está longe de ser considerado inovação.
O problema é que a ideia de enfiar o etanol goela a baixo dos brasileiros com uma pitada de xenofobia que pregam sobre os veículos elétricos chineses começou surtir efeitos. Por sinal, efeitos negativos, mas ainda sim são resultados do programa MOVER.
Há algum tempo ouço falar do LECAR 459, o "Tesla Brasileiro" que prometia ser um carro elétrico inovador e produzido nacionalmente com um nível de construção comparável ao Tesla. Tive a oportunidade de conhecer o empresário capixaba Flavio Figueiredo Assis, fundador e diretor da Lecar e fui muito bem recebido.
Havíamos combinado uma live no dia 16/04/2024 que trouxe uma grande expectativa ao meus seguidores. Sem justificativa nenhuma, o Flávio não compareceu a live e não respondeu minhas mensagens posteriores. Mas tudo foi esclarecido dias depois com o anúncio que o LECAR 459 não seria mais elétrico.
Por um preço promocional de R$147.900,00 para a pré-venda, o projeto LECAR será um veículo híbrido Flex que não será nem plugin e não terá nem mesmo suas primeiras unidades produzidas no Brasil. O atual projeto LECAR 459 conta com um motor elétrico de 120 kW, um motor à combustão de 90 kW que serviria apenas como gerador e equipado com uma bateria de 18,4 kWh de LFP da Winston.
Não entendam que eu tenho alguma mágoa o Flávio. Pelo contrário desejo todo sucesso para a LECAR e que ele atinja seus objetivos. Todavia o programa MOVER do Governo Federal fez a sua primeira vítima antes mesmo que ela nascesse. LECAR 459 passou de um Tesla Brasileiro para um Corolla Tupiniquim que se vende como híbrido, mas não permite nem mesmo aproveitar a matriz energética brasileira de baixo carbono e manterá sua dependência da rede de abastecimento.
Até mais.
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