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Foto do escritorThiago Garcia

Brasil é o país da energia FLEX

O Brasil é o país da energia Flex. Entretanto, o termo Flex foi apropriado de forma equivocada


Usina Fotovoltaica
Usina Fotovoltaica

Fala galera, beleza? O Brasil é um país muito rico em diversidade, com um povo cheio de energia e essas características acabam sendo espelhadas em muito no que fazemos. Por conta de tantas adversidades, nossa diversidade acaba proporcionando uma certa criatividade.


Devido a tamanha criatividade podemos dizer que somos um povo resiliente e flexível. É exatamente sobre a nossa flexibilidade que gostaria de explanar hoje. De acordo com o dicionário Michaelis: Flexível - Que se adapta bem a diferentes atividades ou funções; acomodatício, adaptável, moldável.


De fato, o Brasil é o país da energia Flex. Entretanto, o termo Flex foi apropriado de forma equivocada e gostaria de trazer mais clareza sobre o que é Flex. Quando falamos em tecnologia Flex, o resultado que o Google traz é são sempre relacionado aos motores de combustão interna que trabalham com dois tipos de combustível: Gasolina e Etanol. Mas o quanto isso pode realmente ser considerado algo Flex?


No ano passado, foi comemorado 20 anos do lançamento do primeiro modelo que funcionava ambos os combustíveis. Tratava-se do VW Gol Power 1.6 Total Flex. O veículo abriu a possibilidade do usuário poder escolher o combustível que melhor lhe convinha em cada momento. Posteriormente, a Fiat lançou o Grand Siena Tetrafuel que permitia trabalhar com GNV, etanol e gasolina. A conta do Tetra é não fechava muito bem, mas marketing é marketing.


Todavia, como podemos dizer que uma tecnologia pode ser considerada flex se fica limitada apenas duas opções e apenas um emprego? Não sei se concordam, mas fica muito limitado para ser chamado de flex. Você pode escolher entre etanol e gasolina. Ah, não esqueça que se escolher a gasolina, você vai levar mais de 1/4 de etanol junto.


Então, como podemos dizer que o Brasil é o país da energia Flex? Bem, quando penso em flexibilidade, vou muito além de "esse ou aquele", considero flexibilidade algo de múltiplas fontes e com emprego variado. Nada como a eletricidade e o nosso imenso país.


Vejam, de acordo com o site da ANEEL, temos 23.721 usinas de energia em operação em todo o território nacional de fontes diversas como biomassa, eólica, fóssil, hídrica, nuclear e solar, isso por que estou separando por tipo, pois enumerar todas as formas de obterem a eletricidade daria uma lista enorme, mesmo sem contar aquelas que não aplicamos no Brasil.


Em relação a aplicação, digamos que não haveria a vida como conhecemos, desde o simples ato de iluminar até tomar um banho quentinho. Nós somos tão ousados que misturamos água com eletricidade e ainda entramos debaixo.


Além de múltiplas fontes e empregos, o Brasil desenvolveu uma infraestrutura robusta de transmissão de energia que proporciona que possamos consumir a energia produzida de qualquer região, pois "quase" todas as usinas estão integradas ao SIN (Sistema Interligado Nacional). Quando digo "quase" é por que seria improvável imaginas que, em um país do tamanho do Brasil, seria possível garantir a ligação de todos os locais no mesmo sistema.


De acordo com o site do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o Brasil possui 212 localidades isoladas, a maioria localizada na região amazônica e Fernando de Noronha. Entre as capitais, apenas Boa Vista está entre as localidades isoladas que, somadas, representam menos de 1% da carga total brasileira.


Vale ressaltar que a matriz energética brasileira é uma das mais limpas do mundo, contando com 91% da matriz de origem de baixo carbono e renovável (esses números variam conforme a época, mas mantém a média).


Diferente do que muitos detratores possam imaginar, a mobilidade elétrica não seria capaz de gerar um apagão devido ao aumento de consumo, afinal, temos um sistema que produz mais energia que podemos consumir. Temos alguns gargalos na ponta da linha, mas que só podem ser resolvidos se apontarmos o real problemas ao invés de criarmos monstros imaginários.


Ah, mas o Brasil não tem infraestrutura de carregamento. Digamos que poderia ser muito melhor, mas está bem longe de dizer que não há onde carregar. Já disse isso antes e afirmo: o Brasil possui mais pontos de carregamento que postos de abastecimentos. Onde tem uma tomada, tem uma oportunidade de carregar seu carro. Você pode carregar no trabalho, shopping, mercado, no posto de combustível e até em casa com a sua própria produção de energia fotovoltaica.


Talvez essa flexibilidade toda de obtenção e geração da próprio energia no telhado de casa esteja tirando o sono da galera do "Flex Brasileiro". Mas não se preocupem, o Brasil é muito grande e tem espaço para todo mundo, inclusive para o carro elétrico.


Até mais.



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